http://i8.photobucket.com/albums/a26/monicaleal/sap.jpg anascente

domingo, dezembro 10, 2006

Buda

sábado, dezembro 09, 2006

Campo de Flores

domingo, novembro 12, 2006

Rosas Vermelhas

quinta-feira, novembro 02, 2006

Palheiro

domingo, outubro 29, 2006

Gato

Girassois

sábado, outubro 07, 2006

Casas da Vila

sábado, setembro 30, 2006

Rolos de Feno

segunda-feira, setembro 25, 2006

O meu mundo...

O meu mundo tem livros, quadros, flores e um grande carvalho no jardim.
Um Chorão que de humilde se verga sobre a terra mãe e que tranquilo escuta o aproximar do Outono e seus perfumes.
Cantam as suas folhas a beleza ao mundo, soprando em tons de ocre, amarelo e verde o vento que anuncia frescas auroras.
Espalho as tintas pela tela, procurando encontrar a luz, a verdade desse silencioso e puro ser, tentando uma vez mais dar forma aos muitos lugares habitados pela alma.

sábado, agosto 12, 2006

Carrapateira










Lugar do Passo












Sagres






quarta-feira, maio 31, 2006

Ausência

Andava de um lado para o outro pelos lugares vazios da mente.
Não havia nada importante, nada de especial, preocupante, nem excitante.
Talvez fosse isso,
o tempo, os astros, as hormonas.
Como explicar quando parece que não há nada a dizer.

Era a ausência.
A ausência do seu respirar,
da sua existência silenciosa,
da sua tolerância
e assídua presença.

Compreendeu que esses castelos
que foi construindo ao longo da vida,
eram meros fantoches da sua imaginação.
Gerados e amados por força das circunstâncias,
pela necessidade de acreditar que alguém olha por nós,
mesmo quando os nossos pais, ou outros,
olham para o lado,Para cima, ou para dentro e na verdade não
nos olham.

Ainda que tudo imaginado
e construído por uma crença desejável,
quem poderá negar as virtudes de um
caminhar cego pela fé nos homens, na vida e nos sonhos?

Olhou de frente para o espelho,
e não soube dizer o que via,
apenas aquele olhar que já não conhecia.

quarta-feira, maio 24, 2006

E se hoje eu morresse aqui…

E se hoje eu morresse aqui… sentada, a olhar a vossa fotografia…
com amor
mas sem saudade
ou braço,
apenas uma enorme vontade de partir.

É indiferente,
não há vazio, nem cheio,
não há alegria ou consolo,
apenas esta tristeza.

Que importaria partir,
se nada há que pareça consolar
ou fazer sentido, mesmo no meio de tantos sentidos cruzados.
Que importa se não há alguém,
os amados, o sol ou a estrela que me prenda.

Ficam apenas os olhos fixos no escuro,
nada a dizer,
um silêncio no vazio.

sexta-feira, maio 19, 2006

Para aquecer no próximo inverno : )

sexta-feira, maio 05, 2006

No colo

Guardo a minha dor no colo,
trato bem dela, aconchego-a para que descanse.

Sinto falta de ti, de ti e de ti.
Sinto falta de nada, que não eu e no entanto choro a vossa ausência.

Volto as costas para não olhar o vazio.
Quero estar só, a embalar essa dor.
Aconchego-a com os meus braços e caminho ritmadamente para que adormeça tranquila,
peço para que as suas lágrimas encontrem o mar,
para que o meu colo se encha de mim.

Vou ficar aqui de olhos fechados, com a dor no colo,
essa dor que grita baixinho sem motivo,
que nos lança no desconhecido de nós mesmos e nos mostra uma misteriosa beleza.

Estou aqui a sós, comigo e a dor no colo,
para nos conhecer, embalar e... libertar.

terça-feira, abril 18, 2006

Passos

Carrego o peso do corpo no passo.
Ando devagar, arrasto a alma nas costas.
Quero pousar mas onde?
Sou impelida.
É efémero o fim.

Levo a musica comigo e balanço ao ritmo torpe de um homem corcunda e triste.
Faço uma careta contorcida.
Consegues ver?
Choro.
Estendo a mão, não porque queira agarrar algo.

Acabou um momento de pausa.
Rompe-se o passado, as memórias e fica o canto, “how fortunate the man with none”, é uma dança no silêncio da eternidade.

Abraço tudo aquilo que me faz fugir, … com muita força para que se esvaziem os meus braços.
Continuo assim o caminho, avançando na existência como pela primeira vez, vazia de passado olhando e encarando os inesperados corredores do destino.
O agora aqui, para sempre em tudo, levando-nos a todos os espaços do tempo.

Continuo no vazio do tempo a ouvir o canto, a sua voz que ensina, "how fortunate the man with none" e continuo a observar as estrelas, dentro e fora de mim.

Obrigada.

domingo, abril 09, 2006

O que ando a fazer...


Estou a fazer uma mantinha para o meu filhos em croché.
Vi o efeito no filme da Nanny Mac Phee, nas camas dos meninos e achei muito colorido.
Como gosto de trabalhos manuais meti mãos à obra, já fiz uns 34 quadrados, mas imagino que vou ter de fazer pelo menos uma centena ; )

quinta-feira, março 30, 2006

Silenciar a Mente

Tenho tentado.
Os pensamentos viajam depressa demais na nossa mente.
Oiço a musica, as conversas, a tensão nos ombros.
Talvez carregue os pensamentos em turbilhão.

Silencio!

Que adianta se teimam.

Cerro os olhos e estou num fim de tarde, com o sol meigo a massajar-me as costas.
As ondas a murmurar baixinho a sua chegada e eu a sentir o respirar do mundo debaixo de mim com o ouvido colado na areia.
Por instantes há uma pausa, … a mente silencia-se e escuta atenta o pulsar da vida.

Que delicia!

terça-feira, março 28, 2006

O Que Penso Hoje

"Dai-me Senhor serenidade para aceitar coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquilo que sou capaz e sabedoria para ver a diferença."
Reihold Niebuhr

quinta-feira, março 16, 2006

Praticar o Desapego
Nunca fui boa com segredos, pelo menos com os pequeninos.
Mas hoje tenho um segredo, que resolvi tomar para mim.

quarta-feira, março 15, 2006

O infinito numa Imagem

Definição:

Uma boa fotografia é aquela que, mesmo retratando um momento físico parado nos mostra também o seu momento infinito através das imagens que o próprio observador pode intuir dessa realidade.

Hoje ao caminhar pela ponte pedonal à beira Tejo deparei-me com um momento único, que gostava de reter e vos mostrar.
Parando encostada ao corrimão, olhei para aquilo que parecia a união do céu e da terra misturados na sua distinta natureza pela cor cedida do céu em reflexo ao rio.
Não havia horizonte que os distinguisse excepto pela ponte ao fundo do lado esquerdo a atravessar as margens de uma terra vedada pela neblina e uma bóia de iluminação que ondulava distraidamente ao sabor da maresia.
Uma breve tontura pelo silêncio do momento. Abri os olhos e continuei o caminho ao ritmo do rumor baixinho dos motores do teleférico.

Há ainda o homem do comboio que viaja sempre junto à janela, com os seus jeitos simples de pessoa do campo, contemplando com olhos de menino as fantasias perdidas pelos caminhos trilhados da vida, mas que ainda assim matem o brilho de quem não perdeu a inocência e tenta compreender a unidade desse movimento ritmado da existência.

Momentos belos que trazem segredos de um mundo para além do aparente.

segunda-feira, março 13, 2006

Emotiva?!

Hoje ocorreu-me que as pessoas devem achar-me realmente emotiva.
E finalmente compreendi porque algumas pessoas já me disseram que é bom saberem que eu sou assim, exactamente como sou.

Ontem a pensar nisso considerei que deve ser o mesmo tipo de sentimento que temos por exemplo com um cão, meigo e afectuoso, mesmo quando ele é completamente secundário na nossa vida, mesmo só quando olhamos para ele quando insistentemente se mete à nossa frente com vontade de brincar e de obter alguma atenção. Sim parece-me que é isso, olhamos e pensamos como aquela alma generosa nos ama e procura, mesmo que ela não faça em nada parte da nossa vida.
Sabe bem saber que há almas assim, mesmo que não seja o nosso caso.

Acho que por vezes a amizade pode ser apenas um acessório que usamos quando nos faz falta, quando se proporciona. Depois perdem-se os laços, cada um faz a sua vida.
Porque de repente encontrarmos aquela pessoa que fez parte da nossa vida, mas que já não estamos regularmente há algum tempo e ela fala abertamente sobre si, gesticula, ri, emociona-se e quer saber tudo sobre nós como se fosse ontem, deve ser de facto estranho.
Geralmente olha-se com desconfiança. Porque não houve uma introdução, os laços alteraram-se, debotaram, mas parece que alguém não percebeu isso.
Constrangedor?!

No entanto devo acrescentar que está errado subestimar. Que as relações não se devem forçar, mas também não devem ser esquecidas.
Respeitar sim os diferentes timings, as diferentes necessidades, mas não deixar de lado os relacionamentos, não deixar de acreditar que é possível existir amizade de facto, livre e desinteressada. Cada um dá na medida que pode e sente e não há nada de errado nisso.
No entanto nunca devemos de deixar de ser generosos com todos à nossa volta, dizendo o quando eles são preciosos, o quanto sentimos a sua falta, o quanto estimamos a sua personalidade ou alegria, principalmente quando antes regámos os seus corações de amizade, criando um vínculo que não se deve deixar morrer à sede de atenção.

Letras a Nú


Gosto particularmente do T



Clique aqui para testar

sábado, março 11, 2006

A Pedra de Toque de um Livro

A pedra de toque de um livro (para um escritor) é o momento em que o livro oferece enfim um espaço onde, com toda a naturalidade, se pode dizer o que se quer dizer. Como esta manhã, em que pude dizer o que Rhoda disse. Isto vem provar que o livro tem uma vida própria: porque não esmagou o que eu queria dizer, antes me permitiu intrduzi-lo mansamente, sem uma tensão, sem uma alteração.

Virginia Woolf, in 'Diário'

sexta-feira, março 10, 2006

Quadros de Infância


Este era o quadro que acompanhava o meu adormecer quando ainda era menina.
As luzes da rua contornavam de mansinho as cortinas corridas desenhando sombras rebuscadas que acentuavam essa imagem enigmática no meu imaginário.
Percorria todas a ruas da pintura descalça de conceitos em busca de um significado real dessa mistura tão complexa que ainda não conseguia organizar.
Idealizei histórias e enredos em volta das suas personagens, dancei nos espaços livres e galguei os telhados do pensamento para atingir o seu fim e no entanto essa busca foi sempre apenas mais um degrau para uma nova imagem, uma nova dança.
O facto desta imagem ter figurado nas paredes do meu desenvolvimento ao lado de um quadro do “Nascimento de Vénus” teve como consequências amar a pintura por poder ser um meio de expressão de qualquer imagem idealizada ou representativa dos sonhos místicos do homem.


A propósito de uma história de amor....

Amor e paixão são como um rio que livremente encontram a sua plena significação nos caminhos naturalmente sulcados em nós, selando assim a nossa verdadeira essência.

Manhãs Frias




Hoje no meio da multidão, vinha a pensar na correria da vida. No desperdício, na quantidade de gente que há em todo o lado. Na quantidade de comida que se produz para alimentar toda essa gente. Na quantidade de papel que se gasta em todos os destaks deixados para trás nos corrimões da estação de comboio.

Na verdade se estivermos a ver de fora, friamente, só vemos uma correria cega, dia após dia. Trabalho, casa, trabalho, pequenos prazeres no meio do muito a que obrigamos a nossa natureza. Despertares cada vez mais cedo, para chegar cada vez mais cedo e contornar filas inevitáveis, gente em todo o lado, comidas cada vez mais gordurosas numa vida cada vez mais acessória.
O que fazemos por nós afinal? Vivemos alienados do que produzimos, do que sentimos do que queremos.
Que criamos nós? Frangos, muitos e tudo em cadeia, muito de tudo para alimentar tanta gente. Obrigamos a natureza a curvar-se perante o nosso consumo. Muito desperdício. Muito e muito lixo, tanto que não sabemos o que fazer com ele.
E se o homem não tivesse predadores? E se o homem continuar a ser um vírus em constante mutação, cada vez com mais defesas, cada vez mais forte sobre todos os outros predadores?

Se o organismo luta para viver, desmesuradamente, mesmo para além de todas as suas forças. Seria esse organismo capaz de abdicar de si mesmo por uma existência em conformidade com o desenrolar natural da sua natureza interior em harmonia com o seu habitat?
Poderia esse acto generoso ultrapassar a dualidade que existe entre o homem e a criação?

É uma reflexão precipitada de quem viveu mais uma manhã no meio de uma multidão ensonada, quase preparada para mais um dia de nada

quinta-feira, março 09, 2006

More Than Words

terça-feira, março 07, 2006

A Sustentabilidade da Precedência

A aceitação social pelo grupo é fundamental para que todos em volta, te ajudem a conseguir objectivos.
Seja um elogio, um carinho, o acreditar que és capaz!
Mais do que merecer ou ser tudo isso, o que importa é que os outros acreditem que mereces, que és capaz e que por isso vão apostar em ti, faças o que fizeres, digas o que disseres. A tua imagem, a crença em ti, é como uma sombra que te precede.

Será o carisma, o magnetismo próprio?
Sartre, descreveu muito bem isso no seu livro a “Idade da Razão”, ao criar um personagem (Daniel) belo e com um magnetismo capaz de controlar e dissimular a sua verdadeira personalidade e intenções.
Não, que este traço específico de personalidade, seja característico de todos os indivíduos de que aqui falo mas, é o exemplo escrito mais próximo daquilo que pretendo transmitir.

A questão é:
O que é que sustenta de facto essa precedência?

segunda-feira, março 06, 2006

Teste Personalidade

Dynamic Inventor



My Personal Dna Report

http://www.personaldna.com/tests.php

sexta-feira, março 03, 2006

História Parte 9

Para António aquela situação também atingira um limite. Sabia que tinha de fazer uma opção, pois deixar Barbara livre como um passarinho, rodeada de tantos predadores deixou-o inseguro. Terminou tudo com a Sofia.
O que se pensou ser um fim, foi apenas o início de um longo tormento. A Sofia não se conformava com a decisão do seu amado e não eram poucos os dias em que por lá aparecia a chorar e a solicitar-lhe que voltasse atrás na sua decisão. Bárbara não gostava de Sofia, mas já não suportava vê-la a sofrer tanto e a ter comportamentos de total abandono da sua auto-estima. Sofia bebia muito, chorava e algumas vezes até lhe pedira conselho. Que lhe dizer? Sentia-se falsa.

Começou a ter pesadelos. Acabou por saber que houvera dias em que a suplica de Sofia tinha conquistado um lugar na cama de António e só de imaginar essa situação agoniava-se.
A Sofia não desaparecera das suas vidas, não, antes pelo contrário, tornara-se um fantasma insistente e sempre presente. Não estava disposta a deixar que António lhe passasse por cima do seu orgulho e queria-o com todas as suas forças.
Á noite Barbara sonhava que era traída, que se amavam sem o seu conhecimento, que António iria deixa-la e que o motivo era a incrível insistência de uma mulher que não aceitava ser abandonada. Por esse motivo matava em seus sonhos aquela mulher, que já não sabia se deveria odiar ou amar.

Os pensamentos ficaram confusos na sua cabeça, amava o António e por esse motivo não achava estranho que outra pessoa o desejasse tanto como ela. Quando percorria a sua pele e sentia o seu adocicado odor, conseguia compreender que mais alguém também quisesse provar desse néctar que a deixara adita.
Se a Sofia o amava tanto, como ela própria o amava, não seria a Sofia uma extensão dela mesma? E se ela fosse a Sofia? Seria justo ser-lhe negado esse amor?

Estavam deitados a dormir, quando começou a sonhar.
António levantou-se da cama, que mais não era que um colchão sobre a alcatifa, virou-se e agachou-se estendendo-lhe a mão e convidando-a com um aceno de cabeça para que o seguisse. Bárbara levantou-se e sentou-se na cama. Olha para um António à sua frente, e para o António deitado a seu lado com as mãos sobre o peito como era seu hábito e assusta-se.
Não consegue entender quem é aquele António que a convida para ir sabe-se lá onde. Que a quer afastar do SEU António verdadeiro. Entra em pânico quando se apercebe que ela mesma também está deitada a dormir, tenta acordar, mas não consegue. Tenta acordar,
sente que desce e volta, há um ruído, tenta gritar por socorro a António, mas as suas palavras pareciam presas, a sua boca pesada não emitia qualquer som. Debateu-se naquilo que lhe parecia uma eternidade e quando finalmente conseguiu acordar, estava coberta de suor e estremecia.
António continuava a dormir tranquilo a seu lado, não sabia o que pensar sobre tudo aquilo, sentia-se perdida.

História Parte 8

A noite começava animada, a música e as pessoas já começam a encher o espaço de paredes cinzentas e desenhavam-se cortinas de fumo cada vez mais densas sob o foco das luzes.
Um grupo de pessoas riam numa conversa animada num dos sofás, do outro lado um casal sussurrava baixinho cruzando olhares tímidos com os clientes que iam passando e na mesa do fundo o cliente mais triste do bar beberricava o seu Famous Grouse. Já lá estava como era seu costume desde o início da noite, cabisbaixo com o olhar perdido no contraste do líquido ocre do whisky e pelo brilho das luzes reflectidas no gelo.
-Só de olhar dá dó - pensou enquanto bebia mais um pouco do seu whisky cola. Estava inquieta e afogava os pensamentos sobre os olhares que algumas pessoas lhe deitavam e que a atormentavam, assim podia continuar pela noite dentro com uma falsa segurança. Olhou para o maço de tabaco já vazio, e tirou um novo do cofre vermelho, pegou no isqueiro e acendeu um cigarro que logo de seguida pousou ao ser chamada por um cliente ao fundo do bar.

- Hoje todos pedem cocktails – queixou-se ao entrar na cozinha para ir buscar o shaker que se encontrava lavado em cima de uma bancada. O jugoslavo que lavava pacientemente os copos fez um sorriso trocista e acompanhou a sua saída da cozinha de volta ao bar. Misturou a bebidas e logo voltou a entrar na cozinha agitando freneticamente o shaker e resmungando entre dentes, voltou a sair para o bar e ao olhar para a porta da rua, num gesto impensado agita o shaker com uma só mão, a tampa abre-se e o doce orgasmo cai-lhe em cima deixando-a toda suja e peganhenta – Isto hoje não me está a correr nada bem, diz voltando para a cozinha e dirigindo-se para o lava-loiça onde estava o copeiro – Calma, eu ajudo-te. -Isto não pode continuar – desabafou sem notar que pensava alto.

Por volta das duas da manhã começaram a entrar mais pessoas vindas do Bairro-Alto, o Carlos e o Ricardo subiam as pequenas escadas que davam ao bar. - Boa noite – diz Carlos com o seu habitual jeito feminino e altivo. - Boa noite, então como estava o Bairro?- pergunta Barbara. - Boas - diz Ricardo com um fresco aceno de mão. - O mesmo de sempre, estivemos no Nova, nas Primas e ainda demos um pulo aos Pastorinhos, responde Carlos antecipando-se a Ricardo e passado a mão pelos seus cabelos encaracolados. Carlos fazia-lhe sempre lembrar o vocalista dos Pet Shop Boys, no seu jeito artista e até mesmo pela arrogância e maneira importante como falava. O Ricardo era diferente, mais discreto e sereno nas suas intervenções, alto, moreno sempre com as suas botas Cendra e ganga rasgada, barbicha no queijo. Não percebia como se relacionava com uma pessoa tão diferente como o Carlos. Ás vezes perguntava-se se seriam amantes.

António que observava da porta, dirige-se para o bar e com um sorriso aberto cumprimenta com um aceno de cabeça os dois e pede a Barbara mais um whisky. - Já lá vou levar-to! – e virando-se para Ricardo pergunta – Hoje ainda estão a pensar ir ao Kremlin? - Talvez, depende – responde-lhe Ricardo com um sorriso malicioso.

Do bar, Barbara controlava a porta e esperava que a Sofia se ausentasse para descer com o Whisky. Assim que a viu afastar-se, dirigiu-se ara a porta, subiu o degrau da pequena antecâmara e fechou atrás de si a porta de isolamento. - Isto acaba já aqui! – gritou-lhe. - Que se passa, que tens? – pergunta António, enquanto tentava segura-la pelos ombros. Esquivando-se do seu toque, olhou furiosa para ele e confessou que não ia aguentar, nem mais um minuto aquela situação.
Quando António se preparava para argumentar entra a Sofia, bem disposta, com um sorriso rasgado o que ainda deixou Bárbara mais furiosa, - Que idiota - pensou e saiu sem explicações.

Nessa noite, Sofia acompanhou o António e toda a equipe do bar ao Kremlin, o que não era muito habitual, uma vez que tinha horas para chegar a casa.
Barbara sentia-se vazia e resolveu pedir mais uma bebida, aproximou-se do bar, cumprimentou o barman e pede o habitual. Depois de servida, voltou-se para a pista e aproximou-se das colunas de pedra. O som parecia encher todo o seu vazio, por isso fechou os olhos e deixou-se balançar. Sentiu um toque e ao abrir os olhos, apenas vê os lábios de Ricardo que se colaram aos seus e sente-se ser envolvida pelos seus braços firmes. Quando a larga, Barbara não sabe o que pensar.
- Porque fizeste isso? Pergunta-lhe ao ouvido?
- Não imaginas há quanto tempo pretendia fazer isto, não consegui conter-me ao olhar os teus lábios vermelhos.
Barbara ficou confusa, será que em algum momento o incitara a isto, sempre o achara atraente, mas nunca lhe ocorrera tal. Possivelmente ele já bebera demais. Olhou de relance e viu que António ao lado de Sofia olhava tenso para ambos, hesitante afastou de si Ricardo com um sorriso tímido, mas intimamente triunfante.
Sentia-se vingada!

sábado, fevereiro 18, 2006

História parte 7

Sentia que devia ser prática nas questões amorosas. Por um lado queria amar profundamente, por outro recusava render-se ao engano do comportamento estereotipado adoptado no teatro da relações em que todos pareciam desempenhar maus personagens.

Estava a preparar o bar, quando inusitadamente entra a Sofia, bronzeada e a deixar o ar com o seu perfume fresco de verão.

- Olá, boa noite para todos! – disse.
- Olá – disse bárbara secamente – sempre achara a Sofia uma menina da mamã, com um pai rico que lhe dava tudo. Sempre a achara fútil e chata, das vezes que tentara fazer conversa, evitava sempre grandes aproximações porque os seus mundos simplesmente, pensava, não se tocavam.

Passou toda a noite a olhar, quase que involuntariamente para a porta, onde estava o António e a Sofia que se derretia em sorrisos.
- Porque estou a olhar tanto? - pensou zangada.
- 2 Cervejas – pede um cliente habitual.
Ficou parada, deu umas voltas sem sentido, parecia perdida naquele pequeno espaço.
- Duas cervejas, por favor! – acena novamente o cliente.
- Já ouvi, já ouvi – respondeu efusivamente.
- Estou a ver que não estás nos teus dias, mas isso já faz parte, ás vezes perguntamo-nos, como vai estar ela, esta noite? – disse a sorrir.
Olhou enjoada e serviu as cervejas voltando a cara.

- Vamos? - pergunta António ao final da noite, já depois de tudo arrumado.
- Não, fiquei de ir ter com o Sérgio, lá acima ao bairro. Vou conhecer o bar dele e depois vamos a uma inauguração em cascais.
- Ah, não sabia. Posso ir contigo?
Bárbara não sabia o que responder, a pergunta deixou-a aliviada e acabou por concordar.

O novo espaço em Cascais era diferente dos de Lisboa, tinha espaço ao ar livre sobre a praia, o que era óptimo para o verão e naquela noite de abertura, toda as caras conhecidas da noite estavam lá.

- Estás a gostar – perguntou o Sérgio.
- Sim, parece-me bem – respondeu – vou buscar mais uma bebida, querem? – Perguntou-lhes.
O Sérgio estava notoriamente contrariado com a presença do António e este por sua vez, sentia-se a mais, mas de algum modo a sua intenção era mesmo essa. Guardar algo que julgava ter conquistado e que lhe pertencia.
A situação estava tensa entre os três e Bárbara já só desejava ir embora, deixar o Sérgio ali mesmo, que era nitidamente um conquistador. Havia algo nele, que não sabia definir bem, mas que não lhe agradava.

De regresso a casa e já a sós, António pediu-lhe para ficar com ele. Sentiu vontade de dizer que sim, mas não era certo.
- Recordo-te que foi só um acontecimento, não pretendo passar por cima de ninguém, nem ser um caso teu – disse.
- Tens razão, não posso pedir-te isso.
Não se deixaram partir, ficaram juntos nessa manhã, como em quase todas as outras que se seguiram, vivendo escondidos do que ela considerava um erro irresistível.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

História parte 6

O sol começava a subir veloz no horizonte enquanto esperavam pelo cacilheiro sentados à beira-rio.


- Amanhã chega a Sofia - diz António contemplativo.
- Humm,… tudo bem – diz Bárbara meio indiferente.
- De qualquer forma ainda temos hoje.
- Sim - concordou Bárbara, agora com um estranho nó na garganta. Não se lembrava já do “pequeno pormenor” de que ele namorava a Sofia.
Acontecera tudo tão depressa que ainda não tivera tempo para ter em conta esse facto. Além disso considerara que seria apenas um simples caso sem consequências e que sairia inteira disso.

Afinal tudo acontecera porque estava completamente fora de si naquele dia em que pela primeira vez ficaram juntos. Sentia-se ferida e queria vingar-se do mundo e de tudo o que não alcançava e julgou que depois seria fácil livrar-se dele. Sim, exactamente assim.
Trabalhar no mesmo local e fazer todos os dias o mesmo percurso acabou por unir os seus caminhos. Aos poucos a anterior imagem foi substituída por uma mais permissiva. Deixava-o seguir a seu lado, sentia-se protegida e menos sozinha. Ás vezes surpreendentemente ele escutava-a e era até compreensivo.

- Talvez tenha sido o embalar do Tejo. E agora? - Pensou.

Caminharam em silêncio sobre a ponte do cais e dirigiram-se para a proa do barco, sentando-se do lado de fora, na varanda.
O cacilheiro avançava tranquilo amaciando as ondas do rio com os seus reflexos dourados.
Lá em cima abraçados em despedida olhavam o sol que ia já alto.

Nos dias que se seguiram existia um vazio com nome. Uma saudade não assumida.
Ele continuava lá, no bar e no barco todos os dias, mas agora evitavam o evidente.

A casa Feliz!


Fiz o teste da casa e este foi o resultado:

Based on your drawing and the 10 answers you gave this is a summary of your personality:You are sensitive and indecisive at times. You are a freedom lover and a strong person. You are shy and reserved. If you've drawn a cross on each of windows, you always want to live alone. You are very tidy person. There's nothing wrong with that because you're pretty popular among friends. Your life is always full of changes. When it comes to love, you shut yourself off. It's difficult to win your heart because you have decided to keep your feelings deep inside. You see the world as it is, not as you believe it should be. You added a flower into your drawing. The flower signifies that you long for love. It also safe to say that others don't see you as a flirt. You are self-confident and happy with your life.

Teste da Casa

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

História parte 5

Projectava-se no espelho num reflexo devolvido de perfeição. Procurava alcançar as linhas perfeitas de Adónis enquanto puxava cada um dos seus fios de cabelo pastosos de laca.
António anunciava o seu nome com um invulgar orgulho de ser português e isso convencia de tal modo a sua plateia que já ninguém duvidava da nobreza e do estatuto de alguém portador de tal nome.
O jovem de 27 anos e estudante de design de interiores apresentava-se de forma extravagante nos seus modos femininos e provocadores.
Logo na primeira noite além de menospreza-la quis oferecer-lhe uma gratificação ao ser servido e ao pagar ostensivamente uma rodada no seu grupo de amigos.
Odiou-o ao primeiro olhar.

Quando soube que o tal fulano desagradável e pretensioso, iria passar a ser seu colega, achou que seria impossível a convivência, desde aquela noite em que no Kremlin a agarrara pelas pernas e a subira no ar, sem qualquer tipo de consentimento da sua parte, achava-o muito mal-educado e até nojento. Bem dada aquela valente bofetada que lhe dera. Podia julgar que se ouviu, mesmo no meio das colunas mais potentes de Lisboa.

No entanto deu-se o inesperado, algo com que não contava. Foi precisamente com aquele ser que considerava tão arrogante e maldito que viveu o seu primeiro e mais possessivo amor.
Entregou-se à paixão e deu-se na sua fragilidade a ele em todas as manhãs do seu anoitecer. Algo nascia de grande, de forte, de avassalador que os seus braços magros e jovens não conseguiriam segurar.

Olhava no fundo dos seus olhos de azul infinito todas as manhãs das suas vidas juntos, tentando encontrar um fio condutor que a amarrasse de vez ao porto de chegada daquele António que inspirava como o ar.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Pecados 1994