http://i8.photobucket.com/albums/a26/monicaleal/sap.jpg anascente: História parte 7

sábado, fevereiro 18, 2006

História parte 7

Sentia que devia ser prática nas questões amorosas. Por um lado queria amar profundamente, por outro recusava render-se ao engano do comportamento estereotipado adoptado no teatro da relações em que todos pareciam desempenhar maus personagens.

Estava a preparar o bar, quando inusitadamente entra a Sofia, bronzeada e a deixar o ar com o seu perfume fresco de verão.

- Olá, boa noite para todos! – disse.
- Olá – disse bárbara secamente – sempre achara a Sofia uma menina da mamã, com um pai rico que lhe dava tudo. Sempre a achara fútil e chata, das vezes que tentara fazer conversa, evitava sempre grandes aproximações porque os seus mundos simplesmente, pensava, não se tocavam.

Passou toda a noite a olhar, quase que involuntariamente para a porta, onde estava o António e a Sofia que se derretia em sorrisos.
- Porque estou a olhar tanto? - pensou zangada.
- 2 Cervejas – pede um cliente habitual.
Ficou parada, deu umas voltas sem sentido, parecia perdida naquele pequeno espaço.
- Duas cervejas, por favor! – acena novamente o cliente.
- Já ouvi, já ouvi – respondeu efusivamente.
- Estou a ver que não estás nos teus dias, mas isso já faz parte, ás vezes perguntamo-nos, como vai estar ela, esta noite? – disse a sorrir.
Olhou enjoada e serviu as cervejas voltando a cara.

- Vamos? - pergunta António ao final da noite, já depois de tudo arrumado.
- Não, fiquei de ir ter com o Sérgio, lá acima ao bairro. Vou conhecer o bar dele e depois vamos a uma inauguração em cascais.
- Ah, não sabia. Posso ir contigo?
Bárbara não sabia o que responder, a pergunta deixou-a aliviada e acabou por concordar.

O novo espaço em Cascais era diferente dos de Lisboa, tinha espaço ao ar livre sobre a praia, o que era óptimo para o verão e naquela noite de abertura, toda as caras conhecidas da noite estavam lá.

- Estás a gostar – perguntou o Sérgio.
- Sim, parece-me bem – respondeu – vou buscar mais uma bebida, querem? – Perguntou-lhes.
O Sérgio estava notoriamente contrariado com a presença do António e este por sua vez, sentia-se a mais, mas de algum modo a sua intenção era mesmo essa. Guardar algo que julgava ter conquistado e que lhe pertencia.
A situação estava tensa entre os três e Bárbara já só desejava ir embora, deixar o Sérgio ali mesmo, que era nitidamente um conquistador. Havia algo nele, que não sabia definir bem, mas que não lhe agradava.

De regresso a casa e já a sós, António pediu-lhe para ficar com ele. Sentiu vontade de dizer que sim, mas não era certo.
- Recordo-te que foi só um acontecimento, não pretendo passar por cima de ninguém, nem ser um caso teu – disse.
- Tens razão, não posso pedir-te isso.
Não se deixaram partir, ficaram juntos nessa manhã, como em quase todas as outras que se seguiram, vivendo escondidos do que ela considerava um erro irresistível.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Viva! :)
Estou a gostar imenso desta história... jokinhas coloridas de fim de semana em relax :D

6:32 da tarde, fevereiro 19, 2006  
Blogger ProTrunks said...

Isto a propósito da escolha do nome da tua personagem feminina. Um poema de Luís Vaz de Camões que eu gosto imenso:

Aquela cativa,
que me tem cativo,
porque nela vivo
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais fermosa.

Nem no campo flores,
nem no céu estrelas,
me parecem belas
como os meus amores.
Rosto singular,
olhos sossegados,
pretos e cansados,
mas não de matar.

üa graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.

Presença serena
que a tormenta amansa;
nela enfim descansa
toda a minha pena.
Esta é a cativa
que me tem cativo,
e, pois nela vivo,
é força que viva.

11:03 da manhã, fevereiro 21, 2006  

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