Quadros de Infância
Este era o quadro que acompanhava o meu adormecer quando ainda era menina.
As luzes da rua contornavam de mansinho as cortinas corridas desenhando sombras rebuscadas que acentuavam essa imagem enigmática no meu imaginário.
Percorria todas a ruas da pintura descalça de conceitos em busca de um significado real dessa mistura tão complexa que ainda não conseguia organizar.
Idealizei histórias e enredos em volta das suas personagens, dancei nos espaços livres e galguei os telhados do pensamento para atingir o seu fim e no entanto essa busca foi sempre apenas mais um degrau para uma nova imagem, uma nova dança.
O facto desta imagem ter figurado nas paredes do meu desenvolvimento ao lado de um quadro do “Nascimento de Vénus” teve como consequências amar a pintura por poder ser um meio de expressão de qualquer imagem idealizada ou representativa dos sonhos místicos do homem.
1 Comments:
Acredito que só conseguimos amar verdadeiramente quando entendemos esse sentimento senão apenas veneramos o inantingivel ou ainda não alcançado.
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