História parte 6
O sol começava a subir veloz no horizonte enquanto esperavam pelo cacilheiro sentados à beira-rio.
- Amanhã chega a Sofia - diz António contemplativo.
- Humm,… tudo bem – diz Bárbara meio indiferente.
- De qualquer forma ainda temos hoje.
- Sim - concordou Bárbara, agora com um estranho nó na garganta. Não se lembrava já do “pequeno pormenor” de que ele namorava a Sofia.
Acontecera tudo tão depressa que ainda não tivera tempo para ter em conta esse facto. Além disso considerara que seria apenas um simples caso sem consequências e que sairia inteira disso.
Afinal tudo acontecera porque estava completamente fora de si naquele dia em que pela primeira vez ficaram juntos. Sentia-se ferida e queria vingar-se do mundo e de tudo o que não alcançava e julgou que depois seria fácil livrar-se dele. Sim, exactamente assim.
Trabalhar no mesmo local e fazer todos os dias o mesmo percurso acabou por unir os seus caminhos. Aos poucos a anterior imagem foi substituída por uma mais permissiva. Deixava-o seguir a seu lado, sentia-se protegida e menos sozinha. Ás vezes surpreendentemente ele escutava-a e era até compreensivo.
- Talvez tenha sido o embalar do Tejo. E agora? - Pensou.
Caminharam em silêncio sobre a ponte do cais e dirigiram-se para a proa do barco, sentando-se do lado de fora, na varanda.
O cacilheiro avançava tranquilo amaciando as ondas do rio com os seus reflexos dourados.
Lá em cima abraçados em despedida olhavam o sol que ia já alto.
Nos dias que se seguiram existia um vazio com nome. Uma saudade não assumida.
Ele continuava lá, no bar e no barco todos os dias, mas agora evitavam o evidente.
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