Ausência
Andava de um lado para o outro pelos lugares vazios da mente.
Não havia nada importante, nada de especial, preocupante, nem excitante.
Talvez fosse isso,
o tempo, os astros, as hormonas.
Como explicar quando parece que não há nada a dizer.
Era a ausência.
A ausência do seu respirar,
da sua existência silenciosa,
da sua tolerância
e assídua presença.
Compreendeu que esses castelos
que foi construindo ao longo da vida,
eram meros fantoches da sua imaginação.
Gerados e amados por força das circunstâncias,
pela necessidade de acreditar que alguém olha por nós,
mesmo quando os nossos pais, ou outros,
olham para o lado,Para cima, ou para dentro e na verdade não
nos olham.
Ainda que tudo imaginado
e construído por uma crença desejável,
quem poderá negar as virtudes de um
caminhar cego pela fé nos homens, na vida e nos sonhos?
Olhou de frente para o espelho,
e não soube dizer o que via,
apenas aquele olhar que já não conhecia.