História parte 3

Para todas as estas novas questões que surgem em força por esta altura, a escola não responde. Na escola pretende-se que os alunos aprendam os conteúdos de um programa curricular apertado e que deve ser seguido à risca. Não há espaço para a partilha de experiências, alunos e professores estão em lados opostos que raramente se tocam, o que resulta numa profunda alienação em relação á escola, pois não acompanha as necessidades reais de um período fundamental do desenvolvimento.
Numa época de crescimento e definição pessoal, quebrar os laços com os vínculos do passado é fundamental, mas é preciso que se faça essa transição em segurança, com o amor e o suporte de pais e educadores.
Estava neste ponto de partida e ao olhar em redor parecia-lhe que o mundo se encontrava de pernas para o ar. Ninguém tinha respostas, nada estava organizado ou previsto, que desilusão. O que fazer, em que verdades acreditar ou seguir?
Na escola, sentia pena da professora de Inglês, era a única que se preocupava em tornar a aula num momento lúdico, mas ninguém lhe prestava atenção e por mais de uma vez, ficou com lágrimas nos olhos. Saiu para o intervalo e foi para o seu local preferido, atrás do pavilhão. Sentou-se e a chupar uma azeda e a sentir o calor do sol. Parecia que era abraçada naquele momento pelo sol e que isso aquecia a sua existência. O pensamento em suspenso, até ao próximo toque de entrada, até ao próximo professor, até á próxima indiferença.
Chegou a casa ao fim da tarde, já sabia como ia ser o resto da noite foi, evadida por uma solidão profunda.
Depois do jantar, como habitualmente, a sua mãe recolheu-se para descansar do peso de carregar uma existência sem amor, sempre tentando manter um ténue equilíbrio entre a realidade e a dor.

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