História parte 4
Trabalhar á noite era fascinante mas inicialmente muito cansativo, mas foi como se a vida se abrisse em leque à sua frente. Havia pessoas novas, a musica era infinitamente muito mais interessante e representativa do que sentia, o Top + realmente não passava nada do que acontecia no mundo da música e isso fazia-a questionar sobre tudo o resto a que não tinha acesso.
As suas notas aumentaram, pois ganhou o gosto pelo estudo e ajudava as suas colegas, sentia-se nas nuvens por viver uma vida paralela à mundana onde tudo acontecia a um ritmo muito superior e onde muita gente procurava tal como ela, dar asas à imaginação, à afirmação da personalidade e a marcar a diferença.
Passou a ter conversas de facto e as festas deixaram de ser as da escola em que os amigos se metiam em fila a curtir encostados á parede, comportamento que não compreendia, ou o de fumar gansas e ouvir The Wall, numa terrível depressão de grupo.
Não, isso já era história, agora pintava-se para parecer mais adulta, ia a restaurantes e bares no bairro alto, conhecia pessoas muito mais velhas e com a diferença que partilhavam a sua história, a sua vida sem nunca questionarem a sua idade, modos tímidos, ou insegurança, porque valorizava-se a diferença.
Viviam-se tempos de muita mudança, era o início dos anos 90, os cure e The Sundays faziam furor nas pistas de dança, usava-se muito o preto e os sapatos de cunha alta, que de inicio não tinha, nem se sentiria ela mesma com aqueles trajes, mas aos poucos passaram a fazer parte também do seu guarda roupa.

Havia um mundo completamente alternativo e louco, olhava em volta e nem sabia de inicio reconhecer que aquelas belas mulheres de vestidos vermelho erótico eram na verdade travestis.
Sentiu-se agarrada e fascinada com este alcançável mundo novo e foi nessa altura que conheceu o António.
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