http://i8.photobucket.com/albums/a26/monicaleal/sap.jpg anascente: Trabalhar Dignifica o Homem

domingo, agosto 21, 2005

Trabalhar Dignifica o Homem

Ás vezes sinto-me totalmente cansada e farta da rotina.
Começa logo de manha o ufa ufa, acordar, tomar banho, acordar os miúdos que não estão com a mínima vontade de serem empurrados para fora da cama, lava-los e vesti-los entre protestos e birras, dar-lhes comida e sair de casa a correr porque está quase na hora de eles entrarem, e porque se me atraso depois perco o comboio.

O comboio, esse lugar pacifico e lindo que me permite por a leitura em dia e estar um pouco a sós comigo! Nada como o som do pouca-terra-pouca-terra para me adormecer os sentidos no seu embalo.
O trabalho faz-se bem, porque quem toma conta de uma casa, sabe que o trabalho por vezes quase é um descanso por comparação. E quando há clientes chatos, aborrecidos, ou enraivecidos, nada como uma mãe treinada e compreensiva para os ouvir, aconselhar e mimar.

Depois é a volta a casa, ir buscar os filhos, já mais tranquila, o chegar a casa, o banho, o jantar, ufa e por fim a brincadeira no tapete.
Adoro a minha vida, a minha rotina tão saudável sempre cheia de novos momentos, novas partilhas, novas conquistas e tudo com tanto amor, harmonia e algumas zangas pelo meio.

Mas há dias em que quando penso que tenho de limpar, de arrumar, de cozinhar, faz-me ficar completamente farta de me ter de dedicar a estas coisas todas quase automaticamente porque é sempre, sempre preciso mais qualquer coisa e o trabalho nunca acaba.
Os brinquedos espalhados pelo chão, o pó que parece nascer de um dia para o outro, o chão espelhado com marcas de sujidade todos os dias.

Apetece-me gritar, sou uma dona de casa desesperada!

Então nessas alturas penso, e se eu tivesse sempre a casa toda limpa e arrumada? Significaria que me poderia dedicar só a mim, ás minhas leituras e pinturas. E o que significaria isso?
Que eu possivelmente, não tinha uma casa cheia de miúdos a correr, a brincar, a sorrir e a espalhar vida por todos os cantos, e a partilhar comigo essa maravilhosa experiência que é dar incondicionalmente e a amar sem limites.

Ou seja, a única coisa na vida que não dá trabalho é a SOLIDÃO, tudo o resto exige muito trabalho. O amor, a família, a amizade, o crescimento, etc. Porque tudo exige um investimento de tempo, atenção, energia e nada se faz sem isso.
É um processo, tudo é um processo e como tal exige de nós.

Então a frase” Trabalhar Dignifica o Homem”, pode aplicar-se num sentido bem mais abrangente do que inicialmente se poderia pensar. Ou seja esta labuta infinita pelos filhos, pela casa, pela amizade, pela família vale de facto a pena porque é isso que nos dignifica, que nos move, inspira e que nos faz crescer!

16 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como tu descreveste tão bem o corre/corre do dia-a-dia... gostei muito.
Sabes, por vezes também sinto falta de um pouco de sossego, de ter tempo para mim, que aos poucos e poucos fui perdendo (mas que também aos poucos e poucos vou recuperando!).
Mas tudo isso é compenssado pelos sorrisos que tu tão bem soubeste descrever noutros posts, nã é?
Ás vezes penso, quando olho para eles já a quererem ser tão independentes, mais vale aproveitar agora o não ter tanto tempo para mim que eles crecem tão depressa........
Um beijinho

5:46 da tarde, agosto 21, 2005  
Blogger  said...

Olá Sónia,

Pois é quem é mãe entende tão bem este sentimento.
E o que disseste está muito certo, quando eles crescerem e já estiverem mais autónomos ficamos com mais espaço para nós e para as nossas coisas e se calhar até vamos olhar para trás com saudade, porque acho que estamos a viver umas das fases mais bonitas e importantes da nossa vida.
Tudo tem o seu tempo e o seu ritmo.
Obrigada pela tua partilha! : )

5:56 da tarde, agosto 21, 2005  
Blogger MIL96VII said...

Então minhas amigas...E o pai onde fica?
Será que ele não entende, ora bolas...:-)
Pelos vistos tenho de criar um POst sobre o dia de um pai!!!Lollll
Estou a brincar. Gostei bastante de ler mais uma vez este excerto de ti. Um abraço forte.

9:10 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger  said...

Oi UmEco,

Pois é reparaste no evidente, então e o pai?
Infelizmente, mesmo com o desenvolvimento do papel do pai na familia, o pai continua a reagir em vez de agir. Ou seja temos de estar sempre a dizer o que fazer porque não lhes ocorre.
Para mim o pai é apenas mais um filho!!! ; )
Não consigo mudar isso e duvido que alguém o faça, ou é mesmo a pessoa que já gosta e tem essa vontade ou então como contrariar o anos de informações inscritas no seu ADN??!!
As familias que o tentaram fazer, ou se separaram ou contrataram uma empregada ; )

10:58 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger MIL96VII said...

Talvez o registo "comum" ainda seja esse na nossa cultura, no entanto conheço casais que as coisas mão se passam assim...:-)
Talvez por educação e formação, não sei. Também acho que o importante não é o que faço mas como faço, não acho necessário sobrepor papeis, mas que o casal deve coexistir, ou seja, deverá viver percebendo e aceitando a parte que a cada um cabe sem fazer esforço para isso.
[o tema é interessante:-)]
abraço

11:10 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger  said...

Este tema dá pano para mangas,
Concordo contigo que os papeis não se têm de sobrepôr, há coisas que ele faz que eu não faço, como meter gasolina, tratar dos carros, arrumar a arrecadação. Mas tudo o resto sou eu, principalmente tudo o que tem a ver com os miudos, os seus horários da escola, o banho etc. Por vezes ele ajuda, mas ele vê isso dessa maneira como uma ajuda. Eu não ajudo, eu tenho de estar sempre lá, não é só quando me apetece, percebes? Essa é a grande diferença e isso é que é cansativo.
Conheço alguns casais em que ele é que cozinha, ou ele é que dá banho aos miudos, mas no geral e o maior é feito por nós!

11:18 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger MIL96VII said...

Infelizmente ainda vivemos uma sociedade Patriarca, sinceramente não entendo... Todos nós conseguimos mudar se assim desejarmos, mas para isso é necessário entender os motivos dessa mudança e também desejar.
Desculpa que diga mas também não entendo a posição da mulher na nossa sociedade. Não deseja certas coisas mas também não faz nada por alterar isso. Não espero que se mude de um dia para o outro, e por vezes as pessoas vivem fases da vida que não são fáceis para fazer alterações estruturais mas com o tempo acho importante e necessário (respeito pelo próximo ainda mais quando se afirma amar) que essa alteração aconteça.
Já não o digo por nós mas pelos nossos filhos que observam e aprendem com os nossos exemplo na vida.

11:28 da manhã, agosto 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Uiii...
isto dá pano para mangas.......
Tens que admitir UmEco que poucos são os casais em que o pai participa todos os dias activamente, infelizmente.
Em minha casa o meu marido também vê "como ajuda", tal como a Moquita falou (não é sempre). Depende da disposição!!! eheheh
Mas, eu independentemente da disposição lá estou.
Moquita, concordo. Consegui alterar algumas coisas, mas não o suficiente. Não me separei: arranjei uma empregada!!! eheheheheh
Tinha mesmo que ser, pois já haviam outras consequências...
Ah! Não foi só na empregada, também retirei tudo quanto eram "cacarecos" para limpar pó, e móveis que serviam só de decoração. Deixei a casa mais ampla. Meio caminho andado.

Bjinho

11:32 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger  said...

Pois é, tens toda a razão, mas somos diferentes e valorizamos as coisas de maneira diferente.
Hoje em dia já não acho isso errado, houve de facto uma altura em que debatia por isso.´Nada mudava por isso decidi que não me ia aborrecer mais com isso. E se eu estivesse sozinha? Não era eu que faria tudo na mesma?
Não posso obrigar ninguém a valorizar o mesmo que eu. Ele também liga imenso ao carro dele e eu nem por isso.

11:32 da manhã, agosto 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Moquita... como te entendo...
Mas, não posso deixar de concordar com o UmEco.
Se não fizermos por alterar vai ser sempre assim e podemos aguentar mais 1 mês, 1 ano, 2 anos e não mais... penso que depois volta tudo ao mesmo. Porque não deixamos de sentir, simplesmente deixamos de nos manifestar. E isso tolera-se só a curto prazo.
É a minha forma de ver. Mas, não é fácil...

Outro beijo

11:41 da manhã, agosto 22, 2005  
Blogger  said...

Acho que toda a gente tem de se casar um dia para nunca mais querer fazê-lo. Eu sinceramente pergunto-me porque vivem os homens e as mulheres juntos? Quem é que teve essa ideia?
Mas quando falar em ceder Sónia, não achas que nós é que também lhes estamos a pedir para serem aquilo que eles não são. Para valorizarem aquilo que não valorizam? Não estaremos também a tentar controla-los para agirem como nós?
Não será isso anti-natura?
Eu mudei a minha maneira de pensar as coisas para não me irritar tanto.
Isso não significa que eu lhe faça as coisas, não faço!
Eu faço as coisas para mim e para os meus filhos, é preciso entender isso. Porque lá está a era das Marias acabou!!!! : )

11:48 da manhã, agosto 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Mas, Moquita, anti-natura???!!
Eu até acredito que eles sejam assim porque sempre viram ser assim... são os padrões da sociedade que eles sempre tiveram...
Mas, aceitas?
Eu não!
Como tal, exerço "influência" para que mude. assim, como ele também exerce sobre mim noutras coisas!

12:01 da tarde, agosto 22, 2005  
Blogger  said...

Oi Sónia,

Falta de exemplo ele não tem. O pai dele é excelente, faz tudo em casa. A mulher dele já está reformada, mas mesmo assim ele chega do trabalho e faz o jantar, ou lava a loiça. Aliás ela aprendeu tudo com ele.
A questão na minha opinião é que eles gostam de fazer guerra connosco e usam isso. É uma forma de implicar e afirmação.
Eu não vou é só fazer mais esse jogo de forças tão intensamente.
Porque eu não desisti, acho o importante é mudar a técnica. Não confrontar, desviar. Eu faço jogo psicológico, normalmente resulta ; ) Mas como tu tão bem disseste, resulta por uns tempos depois volta tudo ao mesmo. É preciso estar sempre a cutucar a onça. é um trabalho sem fim! Isso é que é!
Acho a melhor solução a empregada! : )

12:09 da tarde, agosto 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Uhmmm... assim estou a gostar mais!!
A "táctica" muda, mas o objecto mantém-se.
Não desistas.

12:16 da tarde, agosto 22, 2005  
Anonymous Anónimo said...

Moquita, adorei ler-te! Nunca tinha olhado o assunto desta forma e gostei imenso de o fazer neste momento.

Estou a gostar também da troca de ideias. É realmente assunto que dá pano para mangas, mas um excelente debate. Acredito que muitas vezes a mulher ajuda a este cenário, por não saber como alterá-lo, por não ter ainda encontrado uma forma coerente de o fazer, mas é importante de facto dar o exemplo às nossas crianças e mostrar como a coisa pode funcionar em harmonia. Quem fala deste assunto, fala de tantas outras coisas. Mas... e que mangas...

O importante é fazer as coisas com amor (mais do que por amor) e de acordo com aquilo que realmente acreditamos, com essa consciência e naturalmente, acabamos por "influenciar" os outros, não de uma forma "anti-natura" (não é impingindo ideias que se conseguem as coisas), mas de uma forma natural, mostrando que é possível. Desculpem, abstraí-me um pouco do assunto, pois estava a pensar no relacionamento em geral... nesta situação, não sei bem como poderia ser por aí, mas acredito que cada um encontrará a sua melhor forma. E no caminho, vamos dando ideias uns aos outros. :)

jokinhas coloridas

11:13 da manhã, agosto 24, 2005  
Blogger  said...

Olá Sofia,

é isto que eu gosto na expressão escrita e oral, é que a cada palavra vamos conhecendo e tornando intelegíveis coisas que até então não nos tinha ocorrido.

Eu também nunca tinha visto por esse ponto de vista, foi uma coisa que surgiu no momento porque de repente fazia todo o sentido.

Falas de uma coisa importante, mais do que fazer por amor, é fazer com amor e isso faz toda, toda a diferença.

E é isso que eu tentei fazer. Não ver só como uma obrigação, mas como algo parte da minha vida e como tal feito com muito amor! ; )

1:23 da tarde, agosto 24, 2005  

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